Linha 1: Produção do Espaço, Educação e Cultura

A Geografia, ciência que tem central a análise e compreensão do processo histórico de produção do espaço apresenta-nos diversificado espectro de interpretação do mundo. A expansão dos fundamentos do neoliberalismo e a redefinição constante do sistema capitalista se impõem sobre a produção do espaço, exigindo uma permanente reflexão crítica. As contradições socioespaciais intrínsecas à lógica de (re)produção capitalista, os estudos sobre a urbanização e as relações de produção tanto na cidade quanto no campo, configuram-se como foco desta linha de pesquisa. Partindo-se da premissa de que estes processos envolvem diferentes agentes de produção e de transformação socioespacial, considera-se as dimensões socioculturais e pedagógicas como essenciais. Os processos que permeiam a formação e a atuação dos profissionais no ensino e na pesquisa em Geografia, devem proporcionar uma base sólida de reflexão sobre a realidade escolar no interior de um contexto socioespacial complexo. A relação entre educação e identidade espacial, e a discussão sobre gênero, sexualidade, raça e etnia são fundamentais para a formação de professores para o ensino de geografia. Abrindo-se o leque das dimensões geográficas, é possível elencar um amplo temário acerca da produção socioespacial, tais como as reflexões sobre cultura popular e tradicional, a realidade agrária, mobilidade, regionalismos, e o pensamento geográfico contemporâneo, dentre outros. Esta linha de pesquisa se orienta pela perspectiva de análise do processo de produção do espaço, suas formas de interpretação, explicação e representação, bem como em relação ao Ensino de Geografia, em diálogo com o universo da cultura. Em termos dos referenciais teóricos, destaca-se no âmbito nacional a produção do conhecimento geográfico que tem como base a produção do espaço nas obras de geógrafos como Milton Santos, Roberto Lobato Correia, Rui Moreira, Ana Fani Alessandri Carlos, Manoel Correia de Andrade, Rogério Haesbaert, dentre outros; e no âmbito internacional: David Harvey, Neil Smith, Claude Raffestin, Paul Claval, além da base de referência na produção do conhecimento em geografia na perspectiva do pensamento de Henri Lefebvre acerca da sociedade urbana e seu devir. Estabelece-se ainda diálogo com representantes contemporâneos da teoria crítica, a exemplo das contribuições de autores da Escola de Frankfurt.

A linha de pesquisa Produção do Espaço, Educação e Cultura está norteada pelo propósito deste Programa de Pós-Graduação em Geografia, pautada na problematização da realidade regional, que se apresenta com um rico repertório para pesquisas, tanto pela sua diversidade histórica, quanto pela expressiva presença de manifestações culturais, tanto no urbano quanto no mundo rural, em correspondência com o dinamismo deste complexo território. Desafios que se apresentam para a gestão pública, em torno da recém-formada Região Metropolitana de Sorocaba.

Além da escala regional, esta linha de pesquisa se articula com os níveis e escalas mais gerais, em correlação com áreas afins como Turismo, Ciências Sociais, História, Antropologia, dentre outras. Neste sentido, as disciplinas e os grupos de estudos que integram e fortalecem respectivamente esta proposta de Mestrado em Geografia, abordam temas que vão das questões da mundialização, da sociedade do consumo e turismo, aos aspectos ligados às formas de representação e análise geográfica no ensino de Geografia. A dinâmica da cultura e da identidade territorial, o nível da vida cotidiana, questões que envolvem o direito à cidade e as influências dos estudos marxistas na Geografia também são contempladas. Para tanto, esta linha de pesquisa busca abarcar a complexidade e contradições envolvidas na produção capitalista do espaço, as formas de resistências junto aos movimentos sociais, no âmbito da cultura popular e nos caminhos emancipatórios do ensino de geografia, com o compromisso social de produção de conhecimento na pós-graduação.